O tema da II SEMANA AÇÃO AVC,  evento realizado pela ASSOCIAÇÃO AÇÃO AVC em 2022, foi  AVC - UMA DOENÇA DA FAMÍLIA

O psicólogo humanista Jadson Souza  fala sobre a importância do processo de cuidado após o AVC.

Devemos focar no presente, para que todas as reflexões a partir desse conteúdo compartilhado possam trazer novos significados e até ampliar a forma como olhamos para a vida.

Antes do processo de cuidado, muitos de nós experimentamos surpresas ou situações em nossas vidas que nos exigem muito.

Você está vivendo sua vida normal e de repente seu familiar sofre um AVC e naquele momento tudo parece desmoronar.

Principalmente para o familiar que naquele momento sabe que será o maior responsável por este cuidado. 

É natural que possam surgir medos, ansiedades e emoções diversas, é algo completamente novo e não estamos preparados para este momento.

E com o passar do tempo e as informações, tanto buscada por você a partir de leituras, vídeos, acesso a material sobre como fazer, assim como da equipe que vai estar também dando suporte profissional de cuidados e orientações.

Quando isso vai aparecendo todo esse conteúdo vai fazendo com que as mudanças possam fluir da melhor forma, não será mais aquele peso do início com o tempo vai ficando muito mais acessível e muito mais leve,  porque você terá um conhecimento prático.

Há pessoas que, apesar deste conteúdo e instruções, não aceitam o fato, não aceitam o que aconteceu com seu familiar. 

Por causa dessa falta de aceitação, ele tem dificuldade em enfrentar o cotidiano e estabelecer uma nova rotina.

Para aceitar, precisamos conhecer e isso pode ser feito através das leituras e pela orientação profissional da equipe, mas também pelo seu contato com outras pessoas que possam estar passando pela mesma situação.

Encontrar e entrar em contato com pessoas que lidaram com essas situações quando as encontrarem as experiências delas fará você se sentir muito melhor.

O melhor não só em si, mas no sentido de que você cuidará melhor e também aprenderá mais sobre a experiência da pessoa.

É muito importante também o conhecimento por outras falas além de ser terapêutico, pois você percebe e se encontra em muitas das falas, auxiliando assim seu próprio processo e estratégias que podem ser melhor desenvolvidas.

O processo de aceitação é mais complexo, mas é preciso lidar com aquilo que está à sua frente.

A negação e a aceitação agem como bloqueios, que atrasam as ações que atendem mais efetivamente às necessidades individuais.

Não é o fim do mundo e que a cada dia e a cada informação toda aquela rotina estará sendo melhor desenvolvida.

Sempre surgem algumas dúvidas e sentimentos de solidão, que muitas vezes sentimos a  ausência de pessoas que também possam participar deste cuidado.

O que podemos fazer para ajudar nesse processo?

Pedir ajuda é um momento onde você pode estar indo até a outra pessoa e geralmente para os mais próximos e também da família que em muitos momentos se afasta ou não quer assumir uma maior responsabilidade desse cuidado e a gente conversar com essas pessoas, expressar o que estamos sentindo, quais as nossas necessidades. 

Não necessariamente essa ajuda é trocar de lugar, mas ir a uma farmácia, pagar uma conta, ir ao supermercado para fazer compras, marcar uma consulta ou alguma atividade que possa estar contribuindo com a sua rotina.

Quando se está no papel de cuidador, existem pessoas que esquecem de viver, é tanta demanda e são tantas coisas que aquilo acaba também trazendo um certo adoecimento para esse cuidador, e se esse cuidador não está bem a outra pessoa não vai estar bem.

E é importante falar para a família que você, como cuidador, precisa estar bem para prestar esse cuidado.

O diálogo é muito importante nesse processo.

Muitas pessoas podem falar: Mas isso não adianta!

Mas temos que frisar que isso não é de um dia para o outro, todo o processo é construído passo a passo.

Se sentir necessidade, compartilhe para que os familiares vejam e se responsabilizem, e essa responsabilidade pode assumir várias formas, desde ir ao médico até ir ao supermercado.

Não é um primeiro momento que você vai conseguir, às vezes na primeira conversa aquela pessoa vai se sensibilizar em contribuir. 

Então fale, dialogue e expresse suas necessidades e lembre-se que não vai acontecer da noite para o dia, vá conversando e expressando aquilo que você precisa, fale dos pesos e as dificuldades que você está sentindo e enfrentando.

Peça ajuda dentro daquilo que aquela pessoa possa oferecer .

Um exemplo:

Dois irmãos moravam juntos e dentro da casa existia uma pessoa com deficiência e uma senhora acamada e essa irmã era responsável por tudo, inclusive das atividades domésticas e esse irmão estava muito pouco participativo, sua irmã já estava com transtorno de ansiedade, chorando muito e muito triste.

Foi orientado a essa irmã que a mesma conversasse com seu irmão e expressasse todo sentimento que estava sentindo e ela assim o fez, após isso o irmão começou a ajudá-la.  

E qual é o QI da questão?

A irmã nunca tinha sentado para conversar com seu irmão para expressar o que ela estava sentindo.

E no seu primeiro pensamento vem:

Não adianta! Pois ele não vai entender o que estou sentindo.

Converse, expresse e sente junto para ver como essa situação pode ser melhorada e essa discussão e construção com certeza renderão bons resultados.

Medo do futuro 

Quando nos tornamos cuidadores, muitas vezes abrimos mão de nossas próprias vidas e dedicamos toda a nossa atenção à pessoa que precisa de nossos cuidados.

Você acaba deixando de lado todos ou muitos dos seus projetos  e  não tendo tantos momentos para você, para  um relacionamento ou para o trabalho, porque na verdade o tempo é diferente de um cuidador.

Mas esses projetos de futuro precisam ser levados em consideração e isso dentro desse processo de ajuda e da colaboração.

Tenha cuidado com sua autoestima

Tenha  momentos para cuidar de si mesmo.

Seja para fazer as unhas em um salão de beleza, arrumar o cabelo, em se maquiar,  em botar uma roupa bonita, seja em estar bem .

Não se esqueça de você!

Lembre-se de que a pessoa cuidada precisa que você esteja bem.

E como fazer isso?

Quando você começa a olhar para dentro de si, começa a se reconhecer e usar seus pensamentos e reflexões na direção desejada, ao invés de  repetir uma rotina,  isso já é um processo de transformação.

Então você começa a se perguntar, como é que eu estou agora? Como me sinto? Qual a minha perspectiva de futuro? 

Sabemos que existe o medo do seu ente querido piorar ou você o perdê-lo.

É importante pensar nos caminhos

Se você já coloca como se não tivesse como ou se já definiu que isso não tem condições.

Não há outros caminhões, exceto aquele que você definiu.

Então quais são os seus sonhos? sim vamos sonhar.

Quais são os seus objetivos? O que você deseja para sua vida?

Coloca-se também em primeiro lugar no aspecto de que você não está bem, em primeiro lugar sempre tem que ser você.

Se você não se amar e você não tiver um autocuidado você vai acabar adoecendo e a vida vai começar a ficar meio sem graça porque parece que só existe aquele tipo de rotina e não isso pode ser modificado.

Nesse contexto, ter um aporte profissional que oriente a resolver esses conflitos é importante, bem como a contribuição de outras pessoas que podem, inclusive, desenvolver atividades que fujam da rotina antes associada apenas à pessoa ajudada.

É uma busca e é muito mais sua responsabilidade, do que algo que apenas chegue, pode chegar?  Pode,  mas quando você busca, tem sonhos, tem projetos e objetivos a vida se torna muito mais movimento e muitas vezes quando cuidamos acaba entrando em uma rotina e pensando que a vida é apenas aquilo ali e que a vida não tem mais condições.

Você pensa:

Como será o futuro?

Será que vai ser somente isso?

Será que vai ser somente dessa forma?

Não, você é capaz de construir um dia diferente, é um dia de cada vez e a cada dia você pode quebrar com essa rotina e fazer algo diferente, inclusive com a pessoa que você cuida, claro dentro das limitações do paciente.

Inclua determinadas atividades em sua rotina, converse com o profissional que está acompanhando e veja como você pode quebrar essa rotina.

Será importante tanto para o cuidador, como também para quem está recebendo o cuidado.

O autocuidado 

Como está sua alimentação?  Será que você está se hidratando bem? Como é que está a sua atividade física? e o seu sono?

Esses quatros pontos condiz com a sua saúde física.

Será que sua alimentação está sendo com comidas muito industrializadas ?

Quanto mais comidas artificiais ou comidas enlatadas, comidas que se abrem, como, biscoitos recheados, batatinhas e pipocas não é benéfico, isso vai trazer problemas futuros, se não já estiver existindo.

Seja uma gastrite, enxaqueca, dores no corpo, indisposição ou dificuldades no sono.

O exercício físico deve fazer parte da sua rotina e essas mudanças não acontecem de um dia para o outro.

Compreender o processo é importante porque cada passo que você dá o torna maior.

Existem muitas  pessoas que querem mudar, mas não entendem o processo.

E acaba existindo uma certa dificuldade, por não entender que o processo começa aos poucos e vai se desenvolvendo a partir da sua prática.

Por exemplo, no primeiro dia  de treino é natural que o corpo doa um pouco, o corpo não está acostumado, mas com o  tempo você até sente falta se não fizer.

No começo você começa com uma hora, se não conseguir, pode começar com cinco, dez minutos,  aumentando aos poucos 15, 20, 25 minutos, faça de uma forma que você cumpra, é muito importante que você esteja bem. 

Saúde física é sono, alimentação, exercício físico e hidratação.

A saúde mental 

Preservar por pensamentos positivos, não fique buscando notícias que são ruins, pois isso é envenenamento mental.

Evite noticiários que veiculam notícias desagradáveis, amplie suas buscas e conhecimento em outras plataformas como Google e Youtube.

Se você estiver com dificuldades, encontre um tópico como saúde mental, ansiedade ou saúde emocional, expanda seu conhecimento sobre tópicos de seu interesse e concentre-se em vídeos e leituras que aumentam seu conhecimento e o coloque em prática.

Se afaste de notícias ruins e tenha pensamentos positivos.

É importante a construção positiva de como vemos as coisas, pois muitas vezes estamos naquela baixa frequência e atraímos o que pensamos.

A forma como vemos e focamos as coisas  é onde vai estar sendo ampliado isso.

Se você se concentra em coisas que o fazem se sentir mal, irritado e ansioso, esse processo já está acontecendo.

Porém, se você praticar algo que o beneficie, como o exercício físico ou a gratidão, esses processos  lhe trarão sensações e sentimentos  muito mais agradáveis ​​e algo que você poderá colocar no seu dia a dia.

Se você é uma pessoa que pensa mais nos problemas e não na resolutividade isso também é situação que vai estar lhe fazendo mal então foque na resolutividade.

Ficar triste, chorar e desanimar essas questões fazem parte mas você não pode parar, você tem que sair dessa situação e achar a solução.

Pensar em como sair da situação e como  posso dar o meu melhor são as ferramentas que utilizamos no processo de ampliação e conscientização.

É importante que o campo emocional esteja em dia 

Comece a estudar mais sobre você e como suas emoções funcionam.

É como se fosse plantado na nossa cabeça, inicialmente na nossa casa, com a nossa família, onde eles estão ali para nos dizer o que é bom e o que é ruim, como fazer isso, como fazer aquilo.

Mas assimilamos não apenas as coisas boas, mas também o medo, angústias, confusões e os conflitos que toda família tem.

É importante conhecermos aquilo que possa estar nos atrapalhando para poder dar o próximo passo.

Saúde espiritual

Espiritualidade não dogmática é como você vê a si mesmo, suas virtudes, todo seu potencial de crescimento, potencial de evolução, potencial para ajudar outras pessoas, potencial de ressignificar certos problemas ou dificuldades e conseguir enxergar a saída.

A espiritualidade é uma força que nos conduz para sermos sempre melhores e pessoas que possam enfrentar as dificuldades da vida.

Todo mundo tem dificuldades, seja ele milionário, seja aquele pessoa que não tenha um recurso financeiro, seja uma pessoa que saiba ler ou não, seja um universitário ou não.

Somos seres humanos e todos nós passamos e temos dificuldades cada um dentro da sua realidade e do seu momento.

O importante é que possamos enfrentá-las para dar o próximo passo.

A cada ação que for realizada que seja para o crescimento!

Pegue leve consigo mesma e esteja sempre atento ao mundo e ao redor, a  cada situação de dificuldade problemática entenda como um desafio a ser superado uma coisa importante você não está sozinho.

*Este vídeo faz parte da programação da II SEMANA AÇÃO AVC (evento destinado a pacientes e familiares de AVC, promovido pela Associação AÇÃO AVC).