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AVC - Familiar cuidador - Autocuidado e autoestima

A sobrecarga do familiar do cuidador do AVC

06/01/2023



O tema da II SEMANA AÇÃO AVC,  evento realizado pela ASSOCIAÇÃO AÇÃO AVC em 2022, foi  AVC - uma doença da família, exatamente porque quando um membro da família adoece, toda a estrutura familiar é afetada.

A psicóloga Bruna Carvalho fala sobre a  importância do autocuidado do familiar de alguém que sofreu um AVC.



Quando uma pessoa sofre AVC, ele não é o único a sofrer as consequências da doença. Percebe-se em alguns casos, que todo o sistema familiar, de uma forma ou de outra é afetada, em especial aquele que está à frente de cuidar: o cuidador. 

Para ter disponibilidade para cuidar, o cuidador percebe sua rotina mudar completamente e para ter disponibilidade para cuidar, é necessário mudar  seu dia-a-dia, como por exemplo precisar de ajuda de outras pessoas, muitas vezes com a necessidade de  sair do emprego, acarretando  mudanças na área financeira, familiar ou individual. 

Na maioria das  vezes, o orçamento familiar é alterado com despesas para  medicação e tratamento, além de ter saído do emprego é bastante comum o cuidador passar por cansaço físico, depressão, por abandonar o trabalho, não ter contato com amigos, alterações na vida conjugal e familiar.

É grande a tensão e o cansaço acarretada ao papel daquele que cuida, principalmente quando este é um familiar, em detrimento ao estresse que fica exposto e as mudanças que geralmente ocorrem originadas da doença. Esses sentimentos  são prejudiciais não só ao cuidador, mas também à família e à própria pessoa cuidada, pois se torna uma pessoa mais estressada e sobrecarregada…  Essa sensação não  tem nada de errado, porém é preciso buscar alternativas para se pensar de cuidar de uma outra forma da família, de si mesmo e da pessoa que foi acometida pelo AVC.


Mudanças na rotina do familiar cuidador do AVC
Mudanças na rotina do familiar cuidador do AVC


  • A sobrecarga de trabalho; 
  • Mudanças no orçamento; 
  • Questões emocionais; 
  • Questões práticas do cuidado;
  • Disponibilidade de tempo que o cuidado demanda;
  • Cansaço físico e mental;
  • Depressão;
  • Abandono do trabalho;
  • Alterações da vida conjugal e familiar.


A tensão e o cansaço sentidos pelo cuidador são prejudiciais não só a ele


A tarefa de cuidar de alguém geralmente se soma às outras atividades do dia-a-dia. O cuidador fica sobrecarregado, pois muitas vezes assume sozinho a responsabilidade pelos cuidados, soma-se a isso, ainda, o peso emocional da doença que incapacita e traz sofrimento a uma pessoa querida.

Diante dessa situação é comum o cuidador passar por cansaço físico, depressão, abandono do trabalho, alterações na vida conjugal e familiar.

A tensão e o cansaço sentidos pelo cuidador são prejudiciais não só a ele, mas também à família e à própria pessoa cuidada.

Essas sensações afetam  direta ou indiretamente a pessoa que você está cuidando. Quando o cuidador consegue descansar e contar com o apoio de outras pessoas, na divisão das tarefas, ele tem maior estabilidade  emocional e consegue cuidar do outro ou  ser suporte,  de uma forma mais tranquila.

Assim  como é fundamental apoiar e acolher quem está se recuperando do AVC,  é importante olhar e cuidar de si mesmo.

O cuidador se torna uma pessoa mais sobrecarregada com as mudanças que estão ocorrendo. Pensar em formas de se cuidar é extremamente importante, porque o autocuidado afeta direta ou indiretamente a pessoa que está sendo cuidada e seu grupo familiar. 


Cuidados que o familiar cuidador do AVC deve ter consigo mesmo
Cuidados que o familiar cuidador do AVC deve ter consigo mesmo


O bom cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si, o que ela tem autonomia para fazer, avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Não precisa necessariamente se colocar à frente de tudo, mas sim  incentivar e auxiliar o ente querido,  para que ele realize as  próprias atividades do dia-a-dia, preservando a autonomia, tanto quanto possível

O papel do cuidador antes de tudo é se perceber; perceber como estamos, como funcionamos conosco; com o outro, com o mundo, para daí cuidar do outro. 

E é algo que nós,  nestes tempos de tanta agitação,  de mudanças, pouco fazemos. Não temos como prática este cuidar de si, este olhar para nós mesmos de forma zelosa, mas faz-se necessário quando precisa estar também disponível para cuidar do outro!

O que pode ser feito para a redução de danos na saúde e no bem-estar do cuidador?


  • Ficar atento a sua saúde; 
  •  Dividir as responsabilidades e afazeres com outras pessoas, como membros da família, definir dias e horários para cada um assumir parte dos cuidados  e contar com profissionais da saúde (caso seja possível);
  • Falar o que está sentindo;
  • Pedir ajuda quando algo não estiver bem ;
  • Participar de grupos terapêuticos;
  • Descansar;
  • Ter um tempo só para si – fazer coisas que gosta;
  •  Conversar com amigos, passear, fazer algo que lhe seja prazeroso;
  • Fazer exercícios físicos a exemplo de uma boa caminhada;
  •  Procurar não fazer mais do que se é possível – é importante entender os seus limites;
  • Sempre que possível, aprenda uma atividade nova ou aprenda mais sobre algum assunto que lhe interessa;
  •  Leia, participe de atividades de lazer em seu bairro, faça novos amigos;
  • Procurar a ajuda de um psicólogo. 


O primeiro passo é ficar atento à saúde, continuar a ir ao seu médico, cuidar da saúde física, praticar atividades físicas, isso é muito importante para evitar o estresse, para os níveis de hormônios ficar alinhados é muito importante ficar alinhado a sua saúde. 

Dividir as responsabilidades e afazeres com outras pessoas, como membros da família, definir dias e horários para cada um assumir parte dos cuidados e contar com profissionais da saúde (caso seja possível). Que pode tirar uma grande sobrecarga da família.

É importante falar do que você está sentindo, contar com amigos, procurar ajuda quando algo não está  bem. Compartilhe, não guarde o que você está sentindo, a situação a qual você está passando.

Participar de grupos terapêuticos -  como o grupo de apoio da AÇÃO AVC, que é um lugar de troca, onde você pode trocar sobre suas experiências, dúvidas e angústias.

Ter um tempo só para si – fazer coisas que gosta, descansar, muitas vezes o familiar/cuidador se coloca no lugar de que não pode descansar, o outro adoeceu está em uma situação de maior vulnerabilidade do que você, então você acredita que não tem o direito de descansar e  fazer coisas que gosta. Mas isto é importante para estar disponível para estar ali cuidando.

Caso você chegue no seu limite, deixará de ter feito coisas importantes como  descansar, conviver com amigos, sair um pouco  da zona de estresse e vai acabar não estando mais disponível para ajudar ou adoecendo também.

Então converse com amigos, faça passeios ou algo que lhe seja prazeroso e se possível busque aprender algo novo ou conhecer mais de um tema na qual você já goste, leia, pratique atividades física e se necessário busque ajuda de um profissional, busque ajuda de um psicólogo para falar tudo isso que você tem vivido, pois vai te ajudar bastante.


Cuidando do cuidador


O autocuidado significa cuidar de si próprio, são as atitudes, os comportamentos que a pessoa tem em seu próprio benefício, com a finalidade de promover a saúde, preservar, assegurar e manter a vida. Nesse sentido, o cuidar do outro representa a essência da cidadania, do desprendimento, da doação e do amor. Já o autocuidado ou cuidar de si representa a essência da existência humana. 

Para poder cuidar de uma pessoa você também precisa cuidar de você, precisa aceitar e contar com o apoio de outras pessoas.

Cuidar não é fazer pelo outro, mas ajudar o outro quando ele necessita, estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo.

Continue buscando ajuda e informações !


Bibliografia:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008.


Bruna Carvalho - Psicóloga e coordenadora do Grupo de Apoio AÇÃO AVC
Bruna Carvalho - Psicóloga e coordenadora do Grupo de Apoio AÇÃO AVC

*Este vídeo faz parte da programação da II SEMANA AÇÃO AVC (evento destinado a pacientes e familiares de AVC, promovido pela Associação AÇÃO AVC).