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Como é a reabilitação pós AVC no SUS?
A importância da orientação para reabilitação pós AVC
Como é a reabilitação pós AVC no SUS?
O acolhimento direcionado a uma pessoa acometida por AVC, dentro do olhar proposto na abordagem baseada na clínica ampliada e projeto terapêutico singular, tem como meta final a inserção social e participação cidadã do indivíduo. O desenvolvimento tecnológico, novos conhecimentos neurocientíficos e materiais inovadores para tecnologia assistiva, associados a uma abordagem por equipe de reabilitação capacitada, são capazes de recuperar e/ou minimizar incapacidades e melhorar a qualidade de vida dessa pessoa.
Assista o video à respeito do assunto:
A estrutura da reabilitação no Brasil
O termo reabilitação pode ser lido sob duas perspectivas: como ações voltadas ao indivíduo e como serviço no qual as ações de reabilitação são desenvolvidas.
Não há uma política específica de reabilitação, e os serviços estão normatizados, de forma pulverizada, em várias subáreas da saúde, sobretudo a da pessoa com deficiência.” (CAETANO, 2018, p. 8).
No Brasil, os serviços de reabilitação surgiram com dois focos distintos de cobertura e vinculação: o primeiro dirigia-se ao público de trabalhadores incapacitados ou acidentados sob a responsabilidade dos institutos previdenciários, e o segundo destinava-se às pessoas com deficiência sob a tutela de instituições não governamentais, que não dispunham de nenhuma vinculação estatal. Com a criação do SUS, os serviços de reabilitação passaram a ser contemplados nas políticas de saúde, seguindo os mesmos princípios e diretrizes
Como parte do cuidado qualificado é importante a garantia do acesso dos usuários às Unidades Básicas de Saúde (UBS) ; a atenção na rede básica associa um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo e deve buscar não só a assistência, mas também a prevenção e a redução das taxas de internação e reinternação por AVC.
O ACESSO AO SUS
A ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE – DIRETRIZ DE RESPONSABILIDADE DIRETA DO Sistema único de saúde (SUS) e sua rede de unidades, voltada aos cuidados que devem ser dispensados as pessoas com deficiência , assegurando acesso às ações básicas e de maior complexidade; reabilitação e demais procedimentos que se fizerem necessários, e ao recebimento de tecnologias assistidas.
A Atenção na Rede Básica associa um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo e deve buscar não só a assistência, mas também a prevenção e a redução das taxas de internação e/ou reinternação por AVC.
Este acesso é precário devido a um grande número de população que busca o sistema único de saúde no Brasil. Os autodeclarados negros, amarelos, indígenas e outros têm pior acesso à reabilitação pós-AVC quando comparados aos autodeclarados brancos, apontando iniquidades raciais na reabilitação em sobreviventes de AVC.
Em algumas situações, o paciente sai do hospital com seu pedido para reabilitação encaminhado, isso acontece quando o município já tem um fluxo organizado de atendimento o que ajuda muito a ganhar tempo para chegar até os serviços de reabilitação.
Mas isso não é uma verdade absoluta, pois ocorrem casos em que os familiares e acompanhantes de pacientes pós AVC, após a alta hospitalar chegam em casa sem terem sidos incluídos no sistema regulador, ou seja com um fluxo organizado. Este fluxo organizado informa se o paciente deve aguardar em casa para ser direcionado a algum tipo de reabilitação, ou se ele já é direcionado automaticamente a um tipo de reabilitação recomendada. Isso é uma realidade bem pequena ainda no Brasil.
Como deve ser a participação da atenção básica (AB) no processo de regulação para garantia da integralidade na reabilitação e habilitação?
“Sistema Nacional de Regulação”. É um sistema on-line, criado para o gerenciamento de todo Complexo Regulatório indo da rede básica à internação hospitalar, visando à humanização dos serviços, maior controle do fluxo e otimização na utilização dos recursos.
Como está e como deveria ser o papel da saúde frente às responsabilidades intersetoriais para a reabilitação no município?
Por meio de um processo de pactuação e governança regional, a gestão pública necessita participar dessa construção de linhas de cuidados de reabilitação que se inclua na Rede de Atenção à Saúde – RAS.
Com a instituição do SUS a reabilitação foi encampada pelas políticas de saúde, as legislações referentes à saúde da pessoa com deficiência organizaram os serviços de reabilitação de forma a construir uma rede de serviços, com definição de atribuição dos entes federados e dotação orçamentária." (Caetano, 2018, p. 8).
Quando o paciente de AVC sai do hospital com esse serviço pronto, ele já sabe como vai ser o processo de reabilitação ou pelo menos compreende que ele vai ser atendido em um determinado momento em alguma unidade, para ser submetido ao processo de reabilitação.
Quando isso não acontece, se faz necessário que a família procure a atenção básica de saúde. Esses centros de reabilitação podem ser dentro do município onde o paciente reside ou fora do domicílio, dependendo da estruturação dessa rede de reabilitação.
Alguns municípios não contam com uma rede estruturada de reabilitação, pode ocorrer que a cidade tenha um centro especializado de reabilitação e ele ainda conte com outros centros também vinculados ao SUS. A estrutura de reabilitação municipal vai desde o SAD – que é o atendimento domiciliar a uma estrutura hospitalar, à estrutura de unidade básica, a estrutura de domicílio, a estrutura de centro especializado e as clínicas de reabilitação. Mesmo que a cidade tenha tenha toda a estrutura, pode acontecer de não existir o fluxo regular, porque o paciente na alta hospitalar não foi corretamente direcionado à estrutura especializada, clínica ou centro de Reabilitação.
O que precisa acontecer na alta hospitalar?
O paciente recebe um documento que aponta qual a necessidade da reabilitação, seja fisioterapia, fonoaudiólogo, terapia ocupacional, psicologia - a reabilitação pós AVC é inter- multidisciplinar.
Por falhas no sistema, alguns pacientes recebem a alta hospitalar sem que estejam inseridos no Sistema Nacional de Regulação. Isso tem que ser sanado o quanto antes, recomenda-se que a reabilitação da pessoa com AVC aconteça de forma precoce e em toda a sua integralidade.
A pessoa com alterações decorrentes de um AVC pode apresentar diversas limitações em consequência do evento, e a recuperação é diferente em cada caso. O tratamento médico imediato, associado à reabilitação adequada, pode minimizar as incapacidades, evitar sequelas e proporcionar ao indivíduo o retorno o mais breve possível às suas atividades e participação na comunidade.
O nosso cérebro possui grande capacidade de adaptar-se às lesões sofridas, portanto é possível recuperar as funções perdidas após o AVC de maneira parcial ou total. A reabilitação pós-AVC tem como objetivo principal proporcionar ao paciente o máximo de independência nas atividades de vida diárias. Para tanto, é imprescindível o envolvimento e compromisso do paciente e familiares com as condutas propostas pelos profissionais da equipe.
Por uma deficiência na Rede de Atenção à Saúde , do SUS, pessoas que tiveram AVC nem sempre recebem a assistência após a alta hospitalar.
Falta dinheiro para o transporte, um acompanhante ou ainda horário compatível com as vagas oferecidas nos centros de reabilitação da rede pública de saúde – sem falar no próprio déficit de profissionais – para que o paciente possa ser atendido.
Então é importante para a família já sair das unidades com um documento regulatório, informando por exemplo, se há necessidade de atenção domiciliar.
Nesse caso, evita que após a chegada dele nesse território, a equipe da unidade básica vai até ao domicílio, para ainda identificar quais as necessidades desse paciente ou encaminha para um centro especializado de reabilitação ou para uma clínica de reabilitação. Esse tempo faz com que essas sequelas aumentem e o custo com a reabilitação também, porque independente do gasto ser da família ou da gestão pública gasto é gasto e dano pode ser irreversível.
Qual a melhor escolha?
A resposta está atrelada à condição do paciente e à estrutura do município o qual o paciente pertence:
- No município existe uma rede de atenção? ,
- Há matriciamento desse usuário?
- Há atenção básica básica?
- Existem atendimentos domiciliares ou paciente terá que fazer conseguir?
- Conseguir com amigos que paguem particular ou existe clínica?
- Existe um centro especializado multidisciplinar ou o paciente vai fragmentar esse atendimento?
- Vai em um único local para fazer um atendimento, em outro lugar para fazer um outro com outro profissional especializado?
- O atendimento terá que ter fora do domicílio?
Todas essas questões vão depender de cada caso, na verdade isso só será resolvido se no no município onde residimos já tem esse fluxo pronto. Se a reabilitação no município já é contemplada de um fluxo tudo fica mais fácil.
Tudo que foi explanado é relacionado ao sistema único de saúde o SUS, que contempla a grande maioria da população do Brasil.
Bibliografia:
- Souto, S. da R., Anderle, P., Goulart, B.N.G.. Iniquidades raciais no acesso à reabilitação após acidente vascular cerebral: Estudo da população brasileira. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2021/Jul). [Citado em 26/06/2022]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/iniquidades-raciais-no-acesso-a-reabilitacao-apos-acidente-vascular-cerebral-estudo-da-populacao-brasileira/18133?id=18133&id=18133
- Caetano, 2018, p. 8
- Linha de Cuidado do ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) NO ADULTO – Ministério da Saúde
*Este vídeo
faz parte da programação da II SEMANA AÇÃO AVC (evento
destinado a pacientes e familiares de AVC, promovido pela Associação AÇÃO AVC).