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SEXUALIDADE APÓS O AVC
Como ficam a intimidade e a libido após o Acidente Vascular Cerebral?
A Sexualidade após o Acidente Vascular Cerebral
É importante a abordagem da sexualidade em um contexto mais amplo, que vai além da atividade sexual. Este cenário envolve o indivíduo e suas relações com o outro e com a afetividade, estruturando a memória afetiva. Cada um vai expressá-la de uma forma única e significativa para si mesmo.
Os indivíduos que sofreram um AVC tiveram uma lesão no cérebro. Quanto menor essa lesão, menos limitações serão encontradas, cada um apresenta sinais, sintomatologia e sequelas da doença de forma diferente.
O momento da retomada da atividade sexual após um AVC é pessoal e varia em cada situação. Cada pessoa tem sua própria realidade funcional, e sua compreensão é importante antes de qualquer intervenção na atividade sexual ou na sua sexualidade. É preciso se certificar de que a pessoa que sofreu AVC está apta para desempenhar esta atividade de maneira saudável, avaliada pela clínica médica e equipe de reabilitação.
O terapeuta vai analisar o individuo que sofreu o AVC, no que se refere à sua rotina, medicação, higiene, atenção dos familiares, privacidade, afetividade, bem como a relação do casal, procurando restabelecer os afetos, carinhos, elogios e toques.
O AVC certamente causa alterações na vida do casal (emocional e fisicamente), podendo surgir inseguranças, dúvidas, medos, vergonha, dentre outras.
Se quem sofreu o AVC tem perda de sensibilidade e/ou algum membro não está correspondendo com a força necessária, o terapeuta trabalha no esquema corporal, incentivando e orientando o companheiro no toque, permitindo a integração dos sentidos, associada com a integração de afetos, para despertar o desejo e para que o ato sexual aconteça normalmente.
Incentivar situações que despertam canais emocionais e memórias afetivas, (músicas, memórias positivas, relaxamento, ambiente (luz adequada) e aromas) , ajudam a associar um momento prazeroso. A criatividade é essencial, o uso de hidratante, massageando e estimulando as estruturas que estão adormecidas, no caso de pacientes com hemiparesia ou hemiplegia proporcionam momentos de intimidade entre os parceiros.
Se a pessoa que foi acometida pelo AVC estiver acamado ou fizer uso de cadeira de rodas, evite incômodos, dores ou qualquer situação que possa acarretar processo de frustração. Trabalhar em conjunto, com paciência e apoio amoroso um para com o outro!
Acima de tudo, a autonomia do indivíduo deve ser respeitada e preservada, a fim de que seu poder de decisão e escolha seja considerado, com liberdade para verbalizar qual o momento adequado.
Principais dúvidas: se o sexo é seguro, se ainda existe atração, se eu ainda sou atraente, e pelo familiar/cuidador é comum o fato dele se sentir dividido sobre seu papel de cuidador e parceiro, ao mesmo tempo.
O sexo é seguro, ou pode causar outro AVC?
O risco de um outro AVC durante a atividade sexual é muito baixa. Os estudos comprovam que o consumo de energia durante o sexo é a mesma que subir um ou dois lances de escada. Converse com seu médico e equipe de reabilitação sobre suas preocupações.
Muitas pessoas que sofreram AVC, afirmam não se interessar por sexo. Isso pode estar ligado à apreensão com a imagem corporal, devido a hemiplegia (paralisia de um lado do corpo), baba, fadiga, queda facial ou incapacidade de comunicação.
Alguns antidepressivos e medicamentos para hipertensão podem influenciar na libido. Não interrompa nenhum medicamento sem consultar seu médico, fale com ele sobre suas dúvidas.
Outros fatores que podem alterar a atividade sexual, estão relacionados com alterações cognitivas. Quando esses problemas afetam perda de memória a curto prazo e redução de atenção, podem afetar diversas atividades que exigem foco, inclusive a atividade sexual.
Esses assuntos devem ser tratados com o médico e equipe de reabilitação, como terapeuta ocupacional e psicólogo, para que sejam trabalhadas as questões do comportamento e reconstrução dos relacionamentos.
Para a mulher em idade fértil, recomenda-se conversar com seu médico sobre planejamento familiar. Em geral, os anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) são contra indicados para quem teve AVC, por que o estrogênio eleva o risco de processos tromboembólicos, mas o médico vai orientar outros contraceptivos apropriados.
O AVC afeta as pessoas de formas diferentes.
Aceitar essas mudanças repentinas requer esforço, paciência e dar tempo ao tempo. Essas questões abordadas aqui podem afetar o que os envolvidos com o AVC sentem em relação à sexualidade. Aprenda a lidar com esses sentimentos, acolha essas emoções em seu coração e conseguirá aceitar melhor a realidade atual e se reinventar para o retorno de diversas atividades rotineiras, dentro delas a sexual.
A auto estima vai ajudar a aceitação do novo EU. Ame-se, aceite-se.
ASSISTA O VÍDEO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL RODRIGO RODRIGUES
Este vídeo faz parte da palestra da SEMANA AÇÃO AVC (evento destinado a pacientes e familiares de AVC, promovido pela Associação AÇÃO AVC, proferida pelo terapeuta ocupacional Rodrigo Rodrigues.